1 Aspectos Gerais da Automação Residencial

Durante muito tempo, o ser humano vem desenvolvendo tecnologias para ajudar a facilitar sua vida. E, é a busca pela comodidade que impulsionou a espécie humana a desvendar a natureza, suas leis, desenvolver mecanismos, criar métodos, equipamentos, convenções, tudo voltado a trazer-lhe conforto. É evidente que o avanço da tecnologia foi acompanhado primeiramente pela impressão causada por ela na população, em seguida pela adaptação à nova invenção, descoberta ou aperfeiçoamento, passando pela acomodação ao novo recurso, culminando na substituição dessa inovação por outra mais elaborada e que vem suprir novas necessidades humanas, reiniciando todo esse processo (PEREIRA, 2006).

            A civilização contemporânea tem apresentado mudanças significativas em todos os aspectos e através desses avanços, surgem novos tipos de moradias: os edifícios. “O edifício constitui o produto mais característico da arquitetura. É através dele que a arquitetura se relaciona com a vida do homem em suas diversas manifestações” (NEVES, 2002).

Diante da transformação da sociedade industrial para sociedade informatizada atual, além da necessidade de oferecer flexibilidade e adaptação às novas tecnologias e aos novos requisitos operacionais, deram origem ao que se convencionou chamar Edifício Inteligente (PÁDUA, 2006).


EDIFÍCIOS INTELIGENTES

Alguns aspectos são importantes para a compreensão evolutiva dos sistemas dos edifícios inteligentes, e evidenciam as primeiras manifestações de concepção dos edifícios de alta tecnologia (NEVES, 2002).

Em 1904 o edifício pioneiro foi o Larkin, que tinha como proposta isolar os elementos de comunicação e serviço, expondo claramente os aspectos funcionais do edifício. A partir daí novos edifícios foram surgindo como o Empire State Building de 1931, World Trade Center em 1966 que utilizavam sistemas automatizados de ponta em seus elevadores, com o intuito de economizar tempo e energia.

 Os edifícios eletronicamente controlados surgem no final dos anos 70, os sistemas HVAC (Sistema de Aquecimento, Ventilação e Ar Condicionado) foram os primeiros sistemas de edifícios a serem considerados inteligentes. Os chips de computadores ajudavam no controle deste sistema, através de sensores localizados, permitiam respostas e alterações rápidas e mais precisas das condições climáticas. Esta tecnologia deu início ao desenvolvimento da idéia de tornar os edifícios dotados de inteligência, podendo assim responder aos requisitos do ambiente natural, mas não existia integração alguma. E em 1978, 

 o Massn United Technologies foi o primeiro edifício que apresentava integração de vários edifícios em um só sistema, e em 1984, foi construído o edifício que é considerado peça fundamental para o desenvolvimento dos edifícios inteligentes, o edifício da Companhia Telefônica AT&T em Nova York que tem sua estrutura considerada como flexível (NEVES, 2002).

 “O primeiro edifício inteligente surgiu 1986 nos Estados Unidos, o Intelligent Bulding Institute (IBI), com o objetivo de promover e apoiar todos os aspectos relacionados com os edifícios inteligentes” (NUNES e SERRO, 2006).

 

Ilustração 1 – Companhia de Seguros Lloyd´s

Considerado inteligente foi projetado pelos Arquitetos Renzo Piano e Richard Rogers. O edifício da Companhia de Seguro Lloyd´s foi construído em 1986 em Londres, e foi projetado com o intuito de facilitar o acesso para a manutenção e substituição dos equipamentos (NEVES, 2002)

Seus serviços, com elevadores, escadas, banheiros, ficam em seis torres periféricas, permitindo uma independência na manutenção e atualização dos sistemas empregados e a revitalização da edificação. A intenção deste edifício flexível é que sua estrutura dure cinquenta anos, o sistema de ar-condicionado quinze e as comunicações cinco. O sistema de gestão do edifício incluía avançados sistemas tecnológicos, mas lhe faltava integração entre eles, ou seja, automação era localizada sem integração entre outros elementos do sistema (BARROS, 2010).

No Brasil, o primeiro edifício inteligente foi o Citicorp/Citibank também construído em 1986. O edifício foi projetado pelo escritório de Aflalo e Gasperine e foi o pioneiro na área das novas tecnologias (NEVES, 2002).

A estrutura é formada por duas grelhas estruturais paralelas suspensas acima do amplo saguão do pavimento térreo através de uma transição estrutural (BARROS, 2010). Além disso, usa um termoacumulador, para fabricação noturna de gelo, que será utilizado durante o dia no sistema de refrigeração de ar (NEVES, 2002).

 

Ilustração 2 – Citibank

 

 

De acordo com Nunes (2006, p.12), o conceito de edifício inteligente apareceu na década de 80, associado ao setor de serviço. O principal objetivo era realizar economia na gestão de energia e de fornecer novas facilidades aos seus utilizadores, principalmente nas áreas de conforto, segurança e comunicação.

 

[...] pode-se afirmar que um edifício inteligente é aquele que foi concebido e construído de forma a oferecer uma grande flexibilidade de utilização, dispondo da capacidade de evoluir, de se adaptar as necessidades das organizações e de oferecer, em cada momento, o suporte adequado para a sua atividade. Por outro lado, deve possuir sistemas de automação, de comunicações que possibilitem, de modo integrado e coerente, gerir de forma eficaz os recursos disponíveis no edifício, potenciando o aumento de produtividade, permitindo a redução de gastos energéticos, além de oferecer elevados graus de conforto e de segurança aos indivíduos que neles trabalham (NUNES e SERRO, 2006, p.3).

 

No Edifício Inteligente o destaque não deve ser feito apenas sobre os aspectos do controle, da automação e da supervisão. A era da informática em que se vive necessita que o edifício dê também suporte adequado às comunicações, aos sistemas informatizados e às aplicações de apoio às organizações, tais como escritórios eletrônicos, suporte de trabalho em grupo, correio eletrônico, acesso a bases de dados e apoio à decisão. O local de trabalho deve ser um local onde as pessoas são e estão constantemente motivadas e fortemente apoiadas nas suas tarefas criativas ou administrativas (PÁDUA, 2006).

 

Um edifício inteligente é aquele que oferece um ambiente produtivo e que é economicamente racional, através da otimização dos seus quatro elementos básicos: Estrutura (componentes estruturais do edifício, elementos de arquitetura, acabamentos de interiores e móveis), Sistemas (controle de ambiente, calefação, ventilação, ar-condicionado, luz, segurança e energia elétrica), Serviços (comunicação de voz, dados, imagens, limpeza) e Gerenciamento (ferramentas para controlar o edifício), bem como das inter-relações entre eles. Como benefício podem ocorrer aumentos dramáticos de produtividade (INTELLIGENT BUILDINGS INSTITUTE – IBI, 1986, p1).

 

São muitos os critérios que tentam definir efetivamente o que são edifícios inteligentes, mas até hoje não há um consenso em relação à sua estrutura, aos equipamentos e sistemas que deveriam ser utilizados e como se dará a sua integração. Neste tipo de estrutura, é que a edificação pode ser automatizada em muitas de suas funções e monitorada de maneira local ou remota (PÁDUA, 2006).


GREEN BUILDINGS ou EDIFÍCIOS VERDES

 

Na primeira década do século XXI, surgem as edificações denominadas Green Buildings, ou Edifícios Verdes, empreendimentos nos quais os impactos ambientais gerados no projeto, na construção e na operação do edifício são minimizados sem interferir no atendimento das necessidades dos usuários (SILVA, 2000).

A expressão Green Building passa a ser adotada de forma a englobar todas as iniciativas dedicadas à criação de construções que utilizassem os recursos de maneira eficiente, para promover conforto, ter vida útil ampliada e sejam adaptáveis às mudanças de necessidades dos usuários (FILHO, 2010).

Segundo Pádua (2006), o conceito pretende contemplar uma série de aspectos com uma clara orientação ambiental, entre os quais se destacam:

 

a)      Locais de trabalho mais saudáveis, mais ergonômicos e com melhor qualidade;

b) Uso de mobiliário mais adequado às tarefas a desempenhar e sem substâncias prejudiciais ao ambiente;

c) Novas formas de climatização, com maiores recursos e técnicas passivas;

d) Novas técnicas de iluminação, em que se procura aproveitar melhor a luz natural e usar lâmpadas e luminárias de eficiência elevada;

e) Minimização do impacto dos edifícios na poluição ambiental que poderiam provocar.

 

Todos os aspectos apresentados anteriormente cabem perfeitamente dentro do conceito de Edifício Inteligente e a ele devem ser incorporados, não se justificando a adoção de uma nova designação (PÁDUA, 2006).